Do livro Fazendas do Ouro, 2011.
Texto de May del Priore e Alexei Bueno.
"A sede da fazenda é a mesma, a primitiva, construída da primeira metade do século XVIII. Tanto assim é certo que, fato raro, reforma recente detectou telhas em que constavam a data de 1726, pleno ciclo do ouro, não deixa dúvida de que a casa se conserva na sua originalidade e pureza de estilo, sendo a primeira e a definitiva sede residencial da fazenda.
Localiza-se em Barra Longa, no lado direito do velho Caminho que ia de Vila Rica de Ouro Preto para o Arraial do Tejuco, a depois formosa e histórica cidade de Diamantina.
Estabelecimento agropastoril abastecedor de mercadorias comestíveis para a mineração, há evidências de que ao longo do tempo Santo Antônio sofreu pequenas alterações, tendo em vista diferenciações no pé direito de um cômodo para outro, além do constatado nos caimentos do telhado. A antiga senzala de terra no piso foi adaptada para uma varanda, nos moldes do primeiro pavimento, com assoalho em tábuas corridas. A escada de acesso à entrada principal é de cantaria e a necessidade de utilização da fazenda para recreio obrigou naturalmente à construção de banheiros e, no jardim externo, uma piscina. No mais, depreende-se respeito às características construtivas originais.
No interior, o mobiliário não é mais o primitivo da residência mas, certamente muito antigo: baús, cadeiras, camas, sala de jantar para 12 pessoas, guarda-louça e armários de madeira com dobradiça de ferro, além de louça sanitária em ferro esmaltado, queijeira e pilão são peças que transmitem graça especial à casa. O oratório apresenta acabamentos sofisticados, com retábulo em madeira e pintura, forro agamelado e portas destacadas das demais internas. Atrás do retábulo existe um painel considerado ainda dos Setecentos, mostrando o modelo "peito de pombo". A sede de Santo Antônio é de arquitetura simples, mas guarda o charme especial das fazendas do ouro."